Por Carmen Elena Villa
ROMA, segunda-feira, 3 de maio de 2010 (ZENIT.org).- A defesa da fé não pode ser "muito defensiva nem muito agressiva". Deve se fazer com "cortesia e respeito" e sobretudo com o testemunho pessoal.
Foi o que explicou nessa quinta-feira o cardeal William Levada, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, no congresso "Uma apologética para um novo milênio", concluído na sexta-feira na Universidade Ateneu Regina Apostolorum em Roma. O purpurado interveio com uma conferência denominada "A urgência de uma nova apologética para a Igreja do século XXI".
O cardeal recordou como os antigos apologistas "dedicaram-se fundamentalmente a obter a tolerância civil para a comunidade cristã, para demonstrar que os cristãos não eram mal-feitores que mereciam a pena de morte".
Depois de fazer um breve percurso pela defesa da fé na história da Igreja, o prefeito explicou como a constituição Dei Verbum, do Concílio Vaticano II, "desenvolve a revelação desde seu centro cristológico, para depois apresentar a responsabilidade iniludível da razão humana como uma dimensão da totalidade".
"Mostra que a relação humana do homem para Deus não consta de duas partes mais ou menos independentes, mas é uma parte indivisível", disse. "Não há tal coisa como uma religião natural em si mesma, mas cada religião é ‘positiva', ainda que por sua positividade não exclui a responsabilidade do pensamento, mas a inclui".
"Como se deveria apresentar uma nova apologética?", questionou o cardeal. "Fé e razão, credibilidade e verdade são exploradas como fundamentos necessários para a fé católica cristã".
Ele disse que a fé, conservando sempre sua essência, deve-se apresentar de uma maneira renovada "quando tem de enfrentar novas situações, novas gerações, novas culturas".
Beleza
Também assegurou que a apologética do novo milênio "deve-se enfocar na beleza da criação de Deus".
"Para que a apologética seja credível - disse - devemos dar especial atenção ao mistério e à beleza do culto católico, da visão sacramental do mundo que nos permite reconhecer e valorizar a beleza da criação como um preâmbulo do novo céu e da terra nova vislumbrados no segundo livro de Pedro e no Apocalipse".
O cardeal Levada recordou as palavras do Papa Bento XVI no encontro com o clero da diocese de Bolzano-Bressanone durante sua visita aos EUA: "a arte e os santos são os maiores apologistas para nossa fé".
Ele disse também que o mais importante é "o testemunho de nossas vidas como crentes que colocamos nossa fé em prática, trabalhando pela justiça e a caridade, como seguidores que imitamos Jesus, nosso mestre".
Assegurou ainda que unir a visão de verdade, justiça e caridade "é essencial para garantir que o testemunho e a ação não são algo passageiro, mas podem dar uma contribuição duradoura para a criação da civilização do amor".
Ambiente de diálogo
O prefeito de Doutrina da Fé disse que na cultura atual é necessário um diálogo sobre "o significado e o propósito da liberdade humana". Assinalou também como uma nova apologética "deve ter em conta o contexto ecumênico e inter-religioso de qualquer diálogo sobre a fé religiosa em um mundo secular".
O purpurado disse que há a necessidade de criar um diálogo "com a ciência e a tecnologia". Ainda que muitos cientistas falem de sua fé pessoal, "no entanto, a face pública da ciência é decididamente agnóstica".
"Seguramente, o novo milênio oferecerá novas oportunidades para expandir esta dimensão chave do diálogo entre fé e a razão", disse, e assegurou que entre as perguntas que agora requerem maior atenção "estão a da evolução na relação com a doutrina da criação".
O purpurado concluiu sua conferência assegurando que a apologética do século XXI não pode ser vista como uma "missão impossível" e disse que em uma sociedade agnóstica, uma condição essencial para que haja verdadeiro diálogo é o "desejo de conhecer o outro na plenitude de sua humanidade".
Fonte: Zenit
ROMA, segunda-feira, 3 de maio de 2010 (ZENIT.org).- A defesa da fé não pode ser "muito defensiva nem muito agressiva". Deve se fazer com "cortesia e respeito" e sobretudo com o testemunho pessoal.
Foi o que explicou nessa quinta-feira o cardeal William Levada, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, no congresso "Uma apologética para um novo milênio", concluído na sexta-feira na Universidade Ateneu Regina Apostolorum em Roma. O purpurado interveio com uma conferência denominada "A urgência de uma nova apologética para a Igreja do século XXI".
O cardeal recordou como os antigos apologistas "dedicaram-se fundamentalmente a obter a tolerância civil para a comunidade cristã, para demonstrar que os cristãos não eram mal-feitores que mereciam a pena de morte".
Depois de fazer um breve percurso pela defesa da fé na história da Igreja, o prefeito explicou como a constituição Dei Verbum, do Concílio Vaticano II, "desenvolve a revelação desde seu centro cristológico, para depois apresentar a responsabilidade iniludível da razão humana como uma dimensão da totalidade".
"Mostra que a relação humana do homem para Deus não consta de duas partes mais ou menos independentes, mas é uma parte indivisível", disse. "Não há tal coisa como uma religião natural em si mesma, mas cada religião é ‘positiva', ainda que por sua positividade não exclui a responsabilidade do pensamento, mas a inclui".
"Como se deveria apresentar uma nova apologética?", questionou o cardeal. "Fé e razão, credibilidade e verdade são exploradas como fundamentos necessários para a fé católica cristã".
Ele disse que a fé, conservando sempre sua essência, deve-se apresentar de uma maneira renovada "quando tem de enfrentar novas situações, novas gerações, novas culturas".
Beleza
Também assegurou que a apologética do novo milênio "deve-se enfocar na beleza da criação de Deus".
"Para que a apologética seja credível - disse - devemos dar especial atenção ao mistério e à beleza do culto católico, da visão sacramental do mundo que nos permite reconhecer e valorizar a beleza da criação como um preâmbulo do novo céu e da terra nova vislumbrados no segundo livro de Pedro e no Apocalipse".
O cardeal Levada recordou as palavras do Papa Bento XVI no encontro com o clero da diocese de Bolzano-Bressanone durante sua visita aos EUA: "a arte e os santos são os maiores apologistas para nossa fé".
Ele disse também que o mais importante é "o testemunho de nossas vidas como crentes que colocamos nossa fé em prática, trabalhando pela justiça e a caridade, como seguidores que imitamos Jesus, nosso mestre".
Assegurou ainda que unir a visão de verdade, justiça e caridade "é essencial para garantir que o testemunho e a ação não são algo passageiro, mas podem dar uma contribuição duradoura para a criação da civilização do amor".
Ambiente de diálogo
O prefeito de Doutrina da Fé disse que na cultura atual é necessário um diálogo sobre "o significado e o propósito da liberdade humana". Assinalou também como uma nova apologética "deve ter em conta o contexto ecumênico e inter-religioso de qualquer diálogo sobre a fé religiosa em um mundo secular".
O purpurado disse que há a necessidade de criar um diálogo "com a ciência e a tecnologia". Ainda que muitos cientistas falem de sua fé pessoal, "no entanto, a face pública da ciência é decididamente agnóstica".
"Seguramente, o novo milênio oferecerá novas oportunidades para expandir esta dimensão chave do diálogo entre fé e a razão", disse, e assegurou que entre as perguntas que agora requerem maior atenção "estão a da evolução na relação com a doutrina da criação".
O purpurado concluiu sua conferência assegurando que a apologética do século XXI não pode ser vista como uma "missão impossível" e disse que em uma sociedade agnóstica, uma condição essencial para que haja verdadeiro diálogo é o "desejo de conhecer o outro na plenitude de sua humanidade".
Fonte: Zenit