sexta-feira, 27 de abril de 2012

São Pedro Canísio: “Coluna da Igreja”, baluarte da Contra-Reforma

Luzeiro da Companhia de Jesus, atuou como conselheiro de Reis, pregador na Corte de Viena, teólogo do Concílio de Trento e Provincial jesuíta na Alemanha do Norte
Luís Carlos de Azevedo
Escrevendo da cidade alemã de Augsburgo a Santo Inácio de Loyola, Fundador da Companhia de Jesus, o Pe. Jerônimo Nadal, ao descrever a situação da Igreja na Alemanha, comenta: "Não é possível olhar para nada sem irromper em lágrimas e ser tomado de compaixão infinita".(*)

Precisamente esse era o campo de batalha que a Providência destinava a São Pedro Canísio (1521-1597), cuja festa se comemora no dia 21 deste mês, e que haveria de ser nomeado por Santo Inácio Provincial da Companhia na Alemanha do Norte.
Desde logo o Santo, através de enérgicos sermões, sustentou na Fé os católicos de Colônia contra as heresias do Arcebispo da cidade, Hermann von Wied. 

Atuando junto ao Imperador Carlos V e ao Cardeal Jorge da Áustria, Príncipe-Bispo de Liege, conseguiu o Santo que o Papa excomungasse o heresiarca, removendo-o do cargo. 

Grande foi a reputação que São Pedro Canísio granjeou entre os católicos. Numa das incontáveis viagens que fazia, sempre a pé, pela Alemanha, encontrou-se em Ulm com o Cardeal Otão Truchsesz, Bispo de Augsburgo. O purpurado, impressionado com seus méritos extraordinários, resolveu pedir a Santo Inácio e ao Papa Pio IV autorização para enviá-lo, juntamente com o jesuíta Cláudio le Jay, como teólogo para o Concílio de Trento (1545-1563). O que realmente foi feito, ocasião em que o incansável jesuíta pôde exercer benéfica atuação em prol da Igreja universal. 

Lá, como assistente do célebre filho da Companhia, Pe. Tiago Laínez, foi incumbido de fazer uma relação exata de todas as heresias a respeito dos Sacramentos da Igreja e de opor-lhes uma refutação adequada. Tarefa que realizou esplendida mente.
Concluídas as sessões daquela magna Assembléia, o Papa nomeia o renomado teólogo do Concílio de Trento seu legado junto aos Príncipes do Império Germânico, a fim de fazê-los aceitar as determinações de Trento.
Assim, visita ele as principais cortes do norte da Alemanha. Detém-se nas cidades mais hostis à Igreja e inquinadas pela heresia, sendo acolhido com respeito e veneração.

Catecismo
Desde o ano de 1546, os Padres reunidos no Concílio de Trento colocaram como primeira de suas preocupações a Catequese.
Com efeito, era preciso reparar a grave ignorância religiosa que, então, era desoladora. Em certas partes da Europa, por exemplo, os católicos não conheciam o sinal da cruz, não sabiam rezar e nunca assistiram a uma Missa!...

Entretanto, havia uma "fome de Deus" à qual a pseudo-reforma protestante pretendia dar resposta. 

O Catecismo Romano, elaborado pelo Concílio de Trento e publicado por São Pio V, correspondia a uma grave necessidade da Igreja, mas se destinava a espíritos formados e sobretudo aos membros do Clero.
Nessa emergência, São Pedro Canísio é celebrado pela sua Súmula de Doutrina Católica, que ele concebeu destinada a três públicos diferentes: as edições major, minor e minimum colocavam à disposição das crianças, como de católicos cultos, todo o necessário para a sua formação religiosa. 

Ficava assim também atendido o Imperador Fernando I, que sucedeu a Carlos V, e que há muito vinha insistindo com Santo Inácio sobre a necessidade de se elaborar para a Alemanha um compêndio da doutrina católica, pois Lutero falava e escrevia em alemão e era preciso, nesta língua, rebater-lhe os erros e heresias.
Esta Súmula de São Pedro Canísio é considerada, juntamente com o Catecismo Romano, do Concílio de Trento, um dos maiores triunfos doutrinários da Igreja contra o protestantismo.
Assim que o trabalho veio a lume, um decreto imperial fê-lo difundir em todos os domínios de Fernando I. Felipe II, rei da Espanha, seguiu o exemplo de seu tio, fazendo-o imprimir em seus Estados, no Velho e Novo Mundo. A Súmula foi sendo traduzida praticamente em todas as línguas das nações européias e, em pouco tempo, teve mais de 400 edições. 

Profissão de Fé
Os protestantes começaram a espalhar pelo Tirol o boato calunioso de que o Santo e um certo número de jesuítas haviam aderido à Reforma de Lutero.
São Pedro fazia uma pregação em E1wangen quando seu grande amigo, o Cardeal-Bispo de Augsburgo, deu-lhe a conhecer esses rumores, que consternavam os católicos crédulos e transia de alegria os protestantes.
Apurou-se que foi a partir da cidade de Wurzburgo que o boato começara a propagar-se pela Alemanha. O Santo não hesitou um instante. Dirigiu-se a pé a essa populosa cidade, percorreu todas as ruas, intimando o povo a comparecer imediatamente à Catedral. O recinto não podia abrigar a todos. O jesuíta, coberto ainda pelo pó da estrada, cansado, desconsertou seus inimigos. Em três turnos, fez ele abrasada profissão de Fé católica, demonstrando com muita vivacidade o absurdo de todas aquelas imputações. Os hereges ali presentes ficaram confundidos e desarticulados em suas maquinações. 

Morte
São Pedro Canísio faleceu em Friburgo (Suíça), no dia 29 de dezembro de 1597, aos 76 anos de idade.
À notícia de sua morte, a cidade inteira se comoveu. De início seu corpo foi velado na capela do Colégio dos jesuítas, que ele, mesmo fundara na cidade. Ali, alguns esperavam atônitos que seu corpo se reanimasse, a fim de voltarem a ouvir suas eloqüentes palavras. Outros se inclinavam para oscular-lhe os pés e as mãos. Outros ainda, para satisfazer sua devoção, cortavam mechas de seu cabelo, ou pedaços de sua batina, que ficou reduzida a frangalhos. 

No dia seguinte, o Clero, o Senado e a Magistratura dispuseram que sua exumação se fizesse na Catedral de São Nicolau. Os habitantes de Friburgo inscreveram em sua lápide o seguinte epitáfio: Com justiça é chamado coluna da Igreja, conhecido em todo o orbe católico.
 
*      *      *
Leitor, se no fundo de tua alma sentes profundas analogias entre a situação aqui descrita e a nossa época, confia! Ainda que hoje estejamos em condições muito piores, Deus suscita sempre os homens providenciais que hão de sustentar a Fé, em sua época, e defender a ortodoxia católica, a exemplo desta "coluna da Igreja" no século XVI, que foi o extraordinário São Pedro Canísio.
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OBRAS CONSULTADAS
1. J. Crétineau-Joly. Histoire de la Compagnie de Jésus. Paul Mellier. Éditeur. Paris. 1844, tomo 11.
2. João Batista Weiss, Historia Universal, Tipografia la Educación, Barcelona, 1929, volume IX.
3. Vies des Saints illustrées pour tous les jours de l'année, Bonne Presse, Paris, novembro/dezembro.
4. Obras Completas de San Ignacio de Loyola, BAC, Madri, 1947.
5. Enciclopedia Universal Ilustrada, Espasa-Calpe, Madri-Barcelona, Tomo XI.
(*) Obras Completas de San Ignacio de Loyola, BAC, Madri, 1947, p. 115. 


terça-feira, 17 de abril de 2012

Beata Catarina Tekakwitha, índia, mártir, +1680

Beata Catarina Tekakwitha

Beatificada juntamente com Pe. José de Anchieta, era uma Índia pele-vermelha, nascida em 1656 em Ossemon, perto de Port Orange, atual Albany, filha de pai iroquês pagão e de mãe algonquina cristã. Tendo ficado órfã muito cedo, conseguiu sobreviver a uma epidemia de varíola com grave diminuição da visão e com o rosto desfigurado; foi então recolhida por um tio, chefe da aldeia, ajudando doravante a sua esposa no cuidado da casa.

O nome de Tekakwitha, que lhe foi dado nos anos de infância, significa "a que coloca as coisas em ordem", ou, com referência à enfermidade da visão, "a que avança e põe algo diante".

Crescida na inocência, rejeitou propostas de matrimónio e em 1675 entrou em contacto com os missionários católicos do Canadá, recebendo o batismo em 18-4-1676, dia de Páscoa, das mãos do Pe. Jacques de Lamberville, que lhe impôs o nome de Kateri(Catarina). Ameaçada pelo tio pagão, fugiu para buscar refúgio na missão de S. Francisco Xavier, em Sault, perto de Montreal, onde recebeu a eucaristia e deu exemplo de extraordinária piedade, mas com grande discrição.

Afastava-se por longo tempo na floresta onde, junto à cruz por ela traçada na casca de uma árvore, ficava por muito tempo em oração, sem porém descuidar das funções religiosas, do serviço da comunidade e da família que a hospedava. Passou por provas terríveis. Em 25-3-1679 fez voto perpétuo de castidade. Extenuada pela doença e pelos sofrimentos, morreu em 17 de abril de 1680 e rapidamente se difundiu a fama das suas virtudes. Note-se que Catarina aprendera a religião católica com a mãe e desde menina, apesar da mãe ter morrido, conservou o que esta lhe ensinara, observando a moral cristã e rezando regularmente. Quando veio a encontrar pela primeira vez os missionários, já estava preparada para o baptismo. Amou, viveu e conservou o seu cristianismo só com a ajuda da graça, longe de qualquer outro companheiro de fé por muitos anos.

Fonte:Evangelho Cotidiano

terça-feira, 10 de abril de 2012

Tentação totalitária

Luiz Felipe Pondé
Você se considera uma pessoa totalitária? Claro que não, imagino. Você deve ser uma pessoa legal, somos todos.

Às vezes, me emociono e choro diante de minhas boas intenções e me pergunto: como pode existir o mal no mundo? Fossem todos iguais a mim, o mundo seria tão bom... (risadas).

Totalitários são aqueles skinheads que batem em negros, nordestinos e gays.

Mas a verdade é que ser totalitário é mais complexo do que ser uma caricatura ridícula de nazista na periferia de São Paulo.

A essência do totalitarismo não é apenas governos fortes no estilo do fascismo e comunismo clássicos do século 20.

Chama minha atenção um dado essencial do totalitarismo, quase sempre esquecido, e que também era presente nos totalitarismos do século 20.

Você, amante profundo do bem, sabe qual é? Calma, chegaremos lá.

Você se lembra de um filme chamado "Um Homem Bom", com Viggo Mortensen, no qual ele é um cara legal, um professor universitário não simpatizante do nazismo (o filme se passa na Alemanha nazista), e que acaba sendo "usado" pelo partido?

Pois bem. Neste filme, há uma cena maravilhosa, entre outras. Uma cena num parque lindo, verde, cheio de árvores (a propósito, os nazistas eram sabidamente amantes da natureza e dos animais), famílias brincando, casais se amando, cachorros correndo, até parece o Ibirapuera de domingo.

Aliás, este é um dos melhores filmes sobre como o nazismo se implantou em sua casa, às vezes, sem você perceber e, às vezes, até achando legal porque graças a ele (o partido) você arrumaria um melhor emprego e mais estabilidade na vida.

Fosse hoje em dia, quem sabe, um desses consultores por aí diria, "para ter uma melhor qualidade de vida".

E aí, a jovem esposa do professor legal (ele acabara de trocar sua esposa de 40 anos por uma de 25 - é, eu sei, banal como a morte) o puxa pelo braço querendo levá-lo para o comício do partido que ia rolar naquele domingão no parque onde as famílias iam em busca de uma melhor qualidade de vida.

Mas ele não tem nenhuma vontade de ir para o comício porque sente um certo "mal-estar" com aquilo tudo. Mas ela, bonita, gostosa, loira, jovem e apaixonada (não se iluda, um par de pernas e uma boca vermelha são mais fortes do que qualquer "visão política de mundo"), diz: "Meu amor, tanta gente junta querendo o bem não pode ser tão mau assim".

É, meu caro amante do bem, esta frase é uma das melhores definições do processo, às vezes invisível, que leva uma pessoa a ser totalitária sem saber: "Quero apenas o bem de todos".

Aí está a característica do totalitarismo que sempre nos escapa, porque ficamos presos nas caricaturas dos skinheads: aquelas pessoas, sim, se emocionavam e choravam diante de tanta boa vontade, diante de tanta emoção coletiva e determinação para o bem.

Esquecemos que naqueles comícios, as pessoas estavam ali "para o bem".

Se você tem absoluta certeza que "você é do bem", cuidado, um dia você pode chorar num comício achando que aquilo tudo é lindo e em nome de um futuro melhor.

E se essa certeza vier acompanhada de alguma "verdade cientifica" (como foi comum nos totalitarismos históricos) associada a educadores que querem "fazer seres humanos melhores" (como foi comum nos totalitarismos históricos) e, finalmente, se tiver a ambição política, aí, então, já era.

Toda vez que alguém quiser fazer um ser humano melhor, associando ciência (o ideal da verdade), educação (o ideal de homem) e política (o ideal de mundo), estamos diante da essência do totalitarismo.

O que move uma personalidade totalitária é a certeza de que ela está fazendo o "bem para todos", não é a vontade de destruir grupos diferentes do dela.

Primeiro vem a certeza de si mesmo como agente do "bem total", depois você vira autoritário em nome desse bem total.

O melhor antídoto para a tentação do totalitarismo não é a certeza de um "outro bem", mas a dúvida acerca do que é o bem, aquilo que desde Aristóteles chamamos de prudência, a maior de todas as virtudes políticas.

Não confio em ninguém que queira criar um homem melhor.

Luiz Felipe Pondé, para a Folha de São Paulo, em 18/07/2011.

O Marechal que pensou Brasília

Lúcio Costa plagiou Brasília? Interessante vídeo que mostra os projetos do Marechal paraibano que primeiro idealizou Brasília (ou Vera Cruz) . E "profetizou" sobre a nova capital brasileira.

Marechal José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque


Giovani Rodrigues

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Entendendo a serenidade diante da ignorância.

Recebi este email do meu primo, Otoniel Bianchi Rodrigues e gostaria de compartilhá-lo.


Diante de todas as fotos das agressões no Clube Militar, a foto acima me impressionou bastante. Ela mostra de maneira muito clara, dois personagens que representam a situação como um todo.

Personagem da esquerda (Literalmente)
Nome: Desconhecido
Histórico: Desconhecido
Linguagem corporal: Inseguro, fala de longe e com olhar baixo, como se estivesse ensaiando. Artificial. A flexão curta do dedo indicador também indica insegurança ou dificuldade para conciliar a gesticulação falseada com as frases decoradas. A incapacidade de realizar as duas tarefas simultâneas denota doutrinação precoce.

Personagem da direita (Literalmente)
Nome: Coronel da arma de Artilharia  do Exército Brasileiro Amerino Raposo Filho
Idade: 90 anos
Historico: Comandante da Linha de Fogo da 2a. Bateria do III GO 105, do Cap Walmicki Ericksen, que cumpriu a derradeira missão de combate da Artilharia Divisionária da Força Expedicionária Brasileira - FEB, disparando o último tiro na Itália, em apoio de fogo na região de Collechio/Fornovo ao cerco e rendição da 148ª Divisão de Infantaria alemã e da Divisão Bersagliere "Italia", evento este até hoje comemorado no atual aquartelamento do Grupo Bandeirante de Barueri-SP, a cada 29 de abril.
Atual VP do CEBRES, o Cel Amerino, da Turma de 1943 da Escola Militar do Realengo, foi voluntário para a FEB, possuindo 16 condecorações, inclusive a Cruz de Combate, e na FEB tirou o curso de Esquiador e Alpinista junto a Mountain School - 10th Mountain Division/Vth USA Army.
O Coronel Amerino Raposo Filho, então Capitão de Artilharia do Exército na Força Expedicionária Brasileira (FEB), é protagonista de uma página gloriosa do Exército Brasileiro E DA HISTÓRIA MILITAR DA HUMANIDADE, quando rendeu, com apenas 600 homens, cerca de 16.000 nazi-fascistas comandados por três generais de divisão.
Expressão corporal: Sereno como todo ser humano que um dia já atravessou chuvas de chumbo e barragens de aço fervente. E, certamente muito triste por ver o estato de uma juventude que ele não exitaria em dar a sua vida para salvá-la. 

Resumo: O ato mais digno que o citado militante poderia fazer, seria procurar o coronel e de joelhos pedir desculpas a um dos maiores heróis de nossas terras. Irá se surpreender, pois certamente o coronel irá levantá-lo e dar-lhe um abraço. Não há rancor entre os militares, somos todos brasileiros e o perdão é algo que praticamos com freqüência.