segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A Comunhão heroica - abusos litúrgicos.

Ótimo texto que Daniel Pereira Volpato publicou no Salvem a Liturgia. Podemos tirar proveito dos abusos litúrgicos oferecendo à Jesus o sofrimento que possamos vir a suportar pelos descasos ao Santíssimo Sacramento. 

De grande valia também as palavras do católico J.R.R. Tolkien sobre o assunto. Clique no link abaixo para ler o texto na íntegra:



Beata Chiara Luce Badano, virgem +1990


Chiara  Luce  Badano


  Chiara  Luce  Badano nasceu a 29 de Outubro de 1971, em Sassello,  uma  pequena cidade nos Apeninos. Era a primeira e única filha de Rogero  Badano,  camionista e de Mª Teresa  Caviglia, operária, casados há 11 anos sem  conseguirem  ter filhos. O  pai  pediu  a Nossa Senhora da Rocha a graça da paternidade e viu o seu pedido atendido. A mãe testemunhava  que “mesmo com essa alegria imensa compreenderam logo que ela não era somente sua filha, mas que era antes de tudo, filha de Deus". A mãe deixou de trabalhar para cuidar da filha.

  Chiara  revelou-se  desde cedo uma criança inteligente, viva, desportiva e muito comunicativa. Era conciliadora, mas não abdicava de defender as suas ideias. Recebeu desde cedo uma sólida educação cristã, graças aos pais, mas também à sua integração na comunidade paroquial, cujo pároco lhe dá fascinantes aulas de catequese, e ainda pela influência das amizades que Chiara constrói.

  Aos 9 anos participa num encontro das “Gen 3” do movimento  Foccolare. Aí conhece o ideal da unidade. O Evangelho passa a ser algo dinâmico na sua vida. E decide dizer sempre Sim a Jesus. Torna-se a amiga dos últimos. Deseja partir um dia para África para “curar os meninos”.

  No dia da sua primeira Comunhão recebe um livro com os Evangelhos. Ela própria comenta: "- Como para mim foi fácil aprender o alfabeto, também deve ser fácil viver o Evangelho”.

  Continua os seus estudos de forma normal, sendo uma boa aluna. Frequenta o liceu clássico. Participa nas actividades do Movimento Foccolare. Mas um  dia, ao jogar ténis, tinha então 17 anos, sente uma dor aguda no ombro. Inicialmente nem ela nem os médicos dão grande importância ao facto. Mas as dores continuam e são necessários exames mais profundos. O diagnóstico é devastador: sarcoma  osteogénico  com metástese,  um dos tipos mais graves e dolorosos de tumor.

  Chiara  acolhe a notícia com coragem: - Eu vou vencer! Sou jovem.

    Os tratamentos começam e durante eles o altruísmo de Chiara chama a atenção. Sai da cama par ajudar uns e outros. Certo dia foi uma toxicodependente deprimida que a fez saltar do leito, apesar das intensas dores. Enfrenta depois duas operações. A quimioterapia provoca a queda do cabelo o que a faz sofrer bastante. Perante cada etapa do sofrimento vai repetindo : - Por  ti, Jesus!”


  A um amigo, que partia para África, ela dá todo o dinheiro que havia economizado, dizendo :

  - Para  mim não serve. Eu tenho tudo!

  Ao longo da doença nunca se revolta. Passa a aceitar todos os padecimentos, dizendo a Jesus: - Se tu o queres, eu também o quero, Jesus!

  No dia 19 de Julho de 1989, enfrenta uma forte hemorragia e quase morre. Nessa ocasião diz:

  - Não  derramem  lágrimas por mim. Eu vou para Jesus. No meu funeral, não quero pessoas que chorem, mas que cantem forte.

E com a mãe prepara esse acontecimento  chamando-lhe “A festa das núpcias” . Explica à mãe como quer ser vestida, escolhe as músicas os cantos e as leituras para a ocasião. E recorda-Lhe : - Quando me estiveres a preparar, mamã, deves repetir: "Agora  Chiara  Luce a está a ver  Jesus”.

   Não  pede mais a saúde, mas a capacidade de fazer  a vontade de Deus até ao fim.

  No Domingo 7 de Outubro de 1990, na companhia dos pais, aconteceu  o momento do encontro com o seu  “Esposo”. Duas mil pessoas estiveram presentes no funeral. Fala-se de paraíso, de alegria, de escolha radical. Na homilia, o bispo que presidia diz: - Eis o fruto de uma família cristã e de uma comunidade de cristãos.

  Os que a conheceram sentem-se impulsionados a viver com radicalidade o Evangelho. É uma santidade contagiosa.

  No dia 25 de Setembro de 2010, foi beatificada em Roma pelo Papa Bento XVI.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

A ditadura da pedagogia

Autor da caricatura: Prof. Carlos Ramalhete.

Quem quer que já tenha sido submetido a aulas de pedagogia – por exemplo, em um curso de licenciatura – já conhece esta malsã concocção de marxismo aguado com psicologia rogeriana diluída em proporções homeopáticas, regada com farta dose de paulofreirianismo ao molho de Vygotsky mal-compreendido, com o resultado final modelado na fôrma de bolo de uma vaga versão dietética e politicamente correta do ideário de 1968, decorado com sucata de garrafas PET e polvilhado com um crocante vocabulário inane de “cidadania”, “construtivismo”, “mudança de paradigma”, “transversalidade” e outros termos da moda, normalmente enunciado por senhoras com colares feitos com bolotas grandes. Não, não sei a origem dos colares, mas parece ser uma moda nos meios pedagógicos. Quem conhece sabe do que estou falando.

Na Grécia antiga, onde surgiu o termo, chamava-se “pedagogo” ao equivalente da época do atual motorista do ônibus escolar: pedagogo era o sujeito que levava as crianças ao preceptor, antepassado do nosso professor. Hoje, contudo, o pedagogo é o sujeito que tenta impedir o professor de exercer sua função e ensinar os alunos, cerceando sua atividade e submetendo-a aos ditames de uma visão distorcida do que é ensinar.

Reconhecer a necessidade de uma teoria do aprendizado não implica esquecer que o propósito primeiro deste processo é aprender. No Brasil, contudo, esta atividade-meio – o estudo do processo do aprendizado, uma forma de ajudar o professor a ensinar melhor – substituiu a atividade-fim do ensino, que é o aprendizado. O ensino está nas mãos dos pedagogos, não dos professores. Para que alguém seja professor é necessário que se submeta, no mínimo, a alguns semestres de imersão naquele estranho mundo em que garrafas pet formam um “resgate” ou uma “conscientização” rumo a “um novo paradigma”. Dar aulas, nem pensar. Perceber o óbvio – ou seja, que o professor sabe mais que o aluno, e tem como função levar o aluno a saber algo que não sabia antes – tampouco.

Quando fiz minha primeira licenciatura, passei um semestre nas garras dos pedagogos. Sobrevivi. Quando fiz minha segunda, passei quatro semestres. Dizem que hoje seriam necessários oito semestres; não sei se é verdade, mas é pelo menos verossímil. Afinal, o que passa por pedagogia hoje em dia é tão distante da realidade de sala de aula, tão distante do processo real do ensino e aprendizagem, que é preciso um tempo enorme para conformar uma pessoa sensata àquela distorcida e bizarra visão de mundo.

Na prática, a entrega do sistema educacional aos pedagogos, como qualquer substituição de uma atividade-fim por uma atividade-meio, leva à decadência da atividade-fim. Imaginemos que, em um surto de loucura, o mesmo ocorresse em outra área. Bom, para que uma fábrica de automóveis funcione, é preciso que ela tenha um serviço de limpeza eficiente. Os faxineiros têm que saber, por exemplo, que não podem aspergir desengraxante nas engrenagens de uma máquina, que há peças pequenas que não podem ser jogadas fora etc. Sem um bom serviço de limpeza, a fábrica acaba parando.

Do mesmo modo, sem que se tenha uma noção real de como se aprende, um professor não tem como ensinar; lembro-me de um professor que tive, que passava as aulas recitando um caderno com o texto que ele havia escrito. Na prova, cobrava apenas que completássemos as lacunas. Lacunas aleatórias, a completar de modo preciso: quem escrevesse “mas” no lugar de “porém” errava a questão; só passava quem decorasse inteirinho o tal caderno. Este sujeito precisaria de noções de pedagogia real.

Mas e se a fábrica decidisse que os faxineiros, com sua atividade-meio, coordenassem tudo, em detrimento da atividade-fim de produção? E se os faxineiros, com suas prioridades e interesses, fossem os gerentes da fábrica? Não sairia um só automóvel da linha de montagem, mas a fábrica estaria sempre limpinha, brilhante mesmo... Pois bem, pedagogos dirigindo o ensino são como faxineiros tomando conta da fábrica de automóveis: ninguém aprende nada, mas que auto-estima têm os alunos!

Ao cabo dos 12 ou 13 anos que passam nos bancos escolares, a regra é os alunos saírem analfabetos funcionais, mas com uma auto-estima grande o suficiente para acharem que merecem prêmios por simplesmente existir e um compromisso pessoal com uma “mudança de paradigma” – não que saibam qual era o anterior, ou sequer o que venha a ser um paradigma, mas aí já seria querer demais, não é mesmo? Aprender palavras difíceis já pareceria demais com o temido ensino tradicional...

Autor: Carlos Ramalhete, filósofo, teólogo, professor, fotógrafo.



sábado, 6 de outubro de 2012

De vilão a herói.


No Brasil, o sujeito vira herói ou vilão do dia para a noite. Há alguns meses, Lewandowski votou contra o aborto de anencéfalos e virou herói nas redes sociais. Joaquim Barbosa votou a favor do aborto e foi malhado. Agora a situação se inverte, Barbosa é herói (tem gente até querendo-o Presidente da República), e Lewandowski virou vilão. 

Não estou defendendo nem um nem outro. Apenas fazendo uma reflexão, ok?

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Do Sermão «Cristo oculto do mundo» - Beato John Henry Newman

«Quem vos ouve é a Mim que ouve, e quem vos rejeita é a Mim que rejeita»

A Igreja é chamada corpo de Cristo. Ela é agora o que era o Seu corpo material quando Ele estava visível na terra. Ela é o instrumento do Seu poder divino. É dela que nos devemos aproximar para obter d'Ele o bem. E quando alguém a insulta, Ele enche-Se de cólera. Mas, a bem dizer, o que é a Igreja senão uma entidade humilde, que por vezes provoca o insulto e a impiedade nos homens que não vivem da fé? Ela é um «vaso de barro» (2Co 4,7). [...]

Sabemos que os melhores sacerdotes são imperfeitos e falíveis e estão sujeitos a más tendências como todos os seus irmãos. E, no entanto, foi sobre eles que Cristo, não falando apenas dos apóstolos mas dos setenta discípulos (aos quais os ministros cristãos são seguramente iguais em termos de responsabilidades), disse: «Quem vos ouve é a Mim que ouve, e quem vos rejeita é a Mim que rejeita; mas quem Me rejeita, rejeita Aquele que Me enviou».

Além disso, Ele tornou os pobres, os fracos e os aflitos testemunhas e agentes da Sua presença. É natural que nós tenhamos a mesma tentação de os negligenciar e os tratar com irreverência. Os Seus discípulos neste mundo são o que Cristo era e, assim como a Sua condição obscura e fraca levava os homens a insultá-l'O e a maltratá-l'O, assim também as mesmas características das testemunhas da Sua presença levam os homens actuais a insultá-las. [...] Por conseguinte, tanto agora como nos dias da Sua vida física, Cristo está neste mundo mas não de forma ostensiva.

Fonte:Evangelho Cotidiano