«Quem pede recebe»
São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero em Antioquia, depois bispo de
Constantinopla, Doutor da Igreja
Homilias sobre a incompreensibilidade de Deus, n° 5
Homilias sobre a incompreensibilidade de Deus, n° 5
A oração é uma arma poderosa, um tesouro indestrutível, uma riqueza
inesgotável, um porto ao abrigo das tempestades, um reservatório de calma; a
oração é a raiz, a fonte e a mãe de bens consideráveis. [...] Mas a oração de
que falo não é medíocre nem negligente; é uma oração ardente, que brota do
sofrimento da alma e do esforço do espírito. Eis a oração que sobe aos céus.
[...] Escuta o que diz o escritor sagrado: «Ao Senhor, no meio da angústia, eu
clamo e Ele me ouve» (Sl 119,1). Aquele que ora assim na sua angústia poderá,
após a oração, desfrutar na sua alma de uma grande alegria. [...]
Por «oração» entendo não aquela que se encontra apenas na boca, mas a que brota do fundo do coração. Como as árvores cujas raízes estão profundamente enterradas não se quebram nem são arrancadas mesmo que os ventos desencadeiem mil assaltos contra elas, porque a suas raízes estão fortemente presas nas profundezas da terra, também as orações que vêm do fundo do coração, assim enraizadas, sobem ao céu com toda a segurança e não são desviadas por nenhum pensamento de falta de segurança ou de mérito. É por isso que o salmista diz: «Do fundo do abismo, clamo a vós, Senhor» (Sl 129,1). [...]
Se o facto de contares aos homens os teus infortúnios pessoais e descreveres as provações por que passaste traz algum alívio à tua desventura, como se através das palavras se exalasse uma brisa refrescante, com muito mais razão se falares ao Senhor dos sofrimentos da tua alma encontrarás consolo e conforto em abundância! De facto, muitas vezes os homens dificilmente suportam aqueles que vêm lamentar-se e chorar para o pé de si: afastam-se e repelem-nos. Mas Deus não age assim; pelo contrário, Ele faz com que te aproximes e abraça-te; e mesmo que passes o dia inteiro a narrar os teus infortúnios, ficará ainda mais disposto a amar-te e a acolher favoravelmente as tuas súplicas.
Por «oração» entendo não aquela que se encontra apenas na boca, mas a que brota do fundo do coração. Como as árvores cujas raízes estão profundamente enterradas não se quebram nem são arrancadas mesmo que os ventos desencadeiem mil assaltos contra elas, porque a suas raízes estão fortemente presas nas profundezas da terra, também as orações que vêm do fundo do coração, assim enraizadas, sobem ao céu com toda a segurança e não são desviadas por nenhum pensamento de falta de segurança ou de mérito. É por isso que o salmista diz: «Do fundo do abismo, clamo a vós, Senhor» (Sl 129,1). [...]
Se o facto de contares aos homens os teus infortúnios pessoais e descreveres as provações por que passaste traz algum alívio à tua desventura, como se através das palavras se exalasse uma brisa refrescante, com muito mais razão se falares ao Senhor dos sofrimentos da tua alma encontrarás consolo e conforto em abundância! De facto, muitas vezes os homens dificilmente suportam aqueles que vêm lamentar-se e chorar para o pé de si: afastam-se e repelem-nos. Mas Deus não age assim; pelo contrário, Ele faz com que te aproximes e abraça-te; e mesmo que passes o dia inteiro a narrar os teus infortúnios, ficará ainda mais disposto a amar-te e a acolher favoravelmente as tuas súplicas.
Fonte: Evangelho Cotidiano
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