Beato John Henry Newman (1801-1890)
Aqueles que buscam o Deus invisível buscam-No nos seus corações e nos seus pensamentos secretos, e não nas palavras barulhentas, como se Ele estivesse longe deles. Têm o costume de se retirar para onde não haja olhos humanos que os vejam; para onde, humildes e cheios de fé, podem encontrar Aquele que está «perto do seu caminho, junto do seu leito e vê todas as suas atitudes». E Deus, «que sonda os corações» (Rom 9,27), os recompensará no último dia. A oração feita em segredo, segundo a vontade de Deus, é conservada como um tesouro no seu Livro da Vida (Sl 68,29). Talvez essa oração tenha requerido uma resposta aqui na terra e não a teve? Talvez o próprio que a formulou se tenha esquecido dela e o mundo nunca tenha sabido da sua existência? Mas Deus recorda-a para sempre; e no último dia, quando os livros forem abertos (Dn 7,10; Ap 20,12), essa oração será revelada e recompensada diante do mundo inteiro. […]
Sabemos bem que devemos estar em oração e meditação, em certo sentido, durante todo o dia (Lc 18,1); mas […] devemos rezar de maneiras determinadas a certas horas do dia? […] Mesmo que estas horas e estas fórmulas precisas não sejam absolutamente necessárias à oração privada, constituem uma grande ajuda; ou antes, Nosso Senhor ordena-nos que as façamos quando diz: «Tu, quando orares, entra no quarto mais secreto…». Até Nosso Senhor tinha momentos privilegiados para a comunhão com Deus. Os seus pensamentos eram realmente um contínuo ofício divino oferecido a seu Pai, mas além disso lemos que Ele «Se retirava para a montanha para orar» e que «passou toda a noite a orar a Deus» (Mt 14,23; Lc 6,12).
É preciso insistir neste dever de respeitar momentos precisos para a oração pessoal e privada, porque no meio das preocupações e das tensões da vida temos muitas vezes tendência para negligenciá-la, e este dever é bem mais importante do que habitualmente o consideram mesmo aqueles que o cumprem.
Fonte: Evangelho Cotidiano
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