sexta-feira, 9 de novembro de 2012


Comentário ao Evangelho segundo S. João 2,13-22, por Santo Aelredo de Rielvaux (1110-1167), monge cisterciense

Sermão 8 para a a festa de São Bento 

Ouvimos muitas vezes dizer que Moisés, depois de ter conduzido Israel para fora do Egipto, construiu no deserto um tabernáculo, uma tenda de santuário, graças às doações dos filhos de Jacob. [...] É preciso ver, como diz o apóstolo Paulo, que tudo isso era um símbolo (1Co 10,6). [...] Sois vós, meus irmãos, que sois agora o tabernáculo de Deus, o templo de Deus, como explica o apóstolo: «O templo de Deus é santo, e esse templo sois vós.» Templo onde Deus reinará eternamente, vós sois a Sua tenda, pois Ele acompanha-vos no caminho; Ele tem sede em vós, tem fome em vós. Essa tenda continua a ser transportada [...] pelo deserto desta vida, até chegarmos à Terra Prometida. Então a tenda tornar-se-á Templo e o verdadeiro Salomão dedicá-lo-á «durante sete dias mais sete dias» (1R 8,65), isto é, durante o duplo repouso [...] da imortalidade para o corpo e da beatitude para a alma.

Mas, de momento, se somos verdadeiros filhos espirituais de Israel, se saímos espiritualmente do Egipto, façamos todos oferendas para a construção do tabernáculo [...]: «Cada um recebe de Deus o seu próprio carisma, um de uma maneira, outro de outra» (1Co 7,7). [...] Que tudo seja, portanto, comum a todos. [...] Que ninguém considere o carisma que recebeu de Deus como seu bem pessoal; que ninguém tenha ciúmes dum carisma que o seu irmão tenha recebido. Mas cada um considere aquilo que lhe pertence como sendo de todos os irmãos, e não hesite em considerar como seu o que é de seu irmão. Segundo o Seu desígnio misericordioso, Deus age para connosco de modo que todos tenhamos necessidade dos outros: o que um não tem, pode encontrá-lo no irmão. [...] «Os muitos que somos formamos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros que pertencem uns aos outros» (Rm 12,5).


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